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sábado, 23 de julho de 2011

tempo é uma questão de preferência

arte Eleonora Graebin - dos paninhos

Patricia Pinna Bernardo, arteterapeuta com longa caminhada, escreveu o texto abaixo em seu blog

Nunca me esqueci de uma frase que li em algum lugar, na época da minha adolescência: "tempo é uma questão de preferência". Sempre estive envolvida em muitos projetos - além de ser ariana, que tem fogo prá mais de metro (o ariano se alimenta de paixão!), pela tipologia junguiana, sou Intuição (cujo elemento correspondente também é o fogo!), e para esse tipo tudo o que pode ser imaginado é realidade plausível de ser concretizada... Eu sempre, por isso, busquei encontrar um lugar na minha vida para tudo o que me apaixona, me encanta, me chama... (e como Benedetti diz nesse poema: "quando não há prazer nas coisas não se está vivendo"). Então, fiz 2 faculdades ao mesmo tempo (Psicologia de dia e Artes Plásticas à noite), e ainda me dedicava à meditação zen, Yoga, sair com os amigos, namorar, e por aí vai...

Sempre trabalhei em mais de um lugar ao mesmo tempo, e houve um tempo em que eu trabalhava na Prefeitura (nun centro de convivência onde coordenava oficinas de criatividade, Yoga, desenho e pintura, entre outras), atendia em meu consultório, dava aulas em faculdade, e ainda tinha um filho pequeno... E encontrava tempo para fazer tudo o que era importante naquele momento da minha vida: estudar, ensinar, atender, ser mãe... Por isso, fico pasma quando alguém utiliza a "falta de tempo" como desculpa para não fazer alguma coisa que diga julgar ser de verdade importante. Aliás, o problema é com a des-culpa (como boa ariana que sou, prezo muito a sinceridade e a verdade nos relacionamentos): se é feita uma escolha de priorizar algo e não priorizar outra coisa (escolho me dedicar a isso agora e não àquilo), e isso é colocado para todos os envolvidos com verdade e honestidade ("as coisas cara a cara são honestas"), não há culpa que precise ser des-culpada, e ninguém precisa se machucar por isso...

Pois é, me parece então que o tempo tem relação direta com os afetos (o que nos afeta e o que valorizamos): "nada estabelece normas, exceto a vida" que escolhemos viver. E o que é realmente importante para a nossa vida precisa ter um lugar, e a dedicação de nosso tempo e amor (pois o amor é como a água: sem ela nenhuma semente pode germinar...). O tempo e o espaço, como Einsten já nos ensinou, são relativos, plásticos, maleáveis (ainda mais agora, em que a Internet entrou em cena!). Eles formam uma trama, tecida por linhas de forças que se entrecruzam, contraindo-se e expandindo-se, caracterizando um fluxo contínuo de acontecimentos, onde encontramos rotas que podem ser trilhadas de várias formas, em que "voltar não significa retroceder", e "retroceder também pode ser avançar", e é nessa trama que bordamos as nossas histórias vivenciadas, as quais podem ser recriadas a qualquer momento... Essas histórias vão compondo, com suas cores e formas, o nosso tapete pessoal (como um "tapete de orações" demarcando o nosso "espaço sagrado"), que à semelhança do tapete de Sherazade, pode nos elevar acima de nosso pequeno ego e nos levar a uma visão mais ampla de nossa humanidade, evidenciando a necessidade de estarmos em conexão com os "outros de nós" para que essa humanidade se realize em vida (e para tanto "as portas não devem fechar-se", e "a maior porta é o afeto"). E com o tempo e a maturidade emocional (se nos dedicamos ao auto-aprofundamento), podemos começar a vislumbrar como a nossa história de vida, formada por todas as nossas relações, se entrelaça à história da humanidade e do cosmo (e então começamos a estar prontos para iniciar o trabalho sobre a nossa mitologia pessoal).


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