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sábado, 23 de agosto de 2008


Cada tigela que lavo, cada poema que escrevo, cada vez que convido um sino a tocar é um milagre, e cada um tem exatamente o mesmo valor. Certo dia, quando eu lavava uma tigela, senti que meus movimentos eram tão sagrados e respeitosos como se estivesse banhando um Buda recém-nascido. Se esse Buda recém-nascido lesse essas palavras, certamente ficaria feliz por mim e nem um pouco insultado por ter sido comparado com uma tigela.

Cada pensamento, cada ação debaixo da luz da consciência torna-se sagrada. Nessa luz não existem fronteiras entre o sagrado e o profano. Devo confessar que levo um pouco mais de tempo para lavar louça, mas vivo plenamente cada momento e sinto-me feliz. Lavar a louça é ao mesmo tempo um meio e um fim – ou seja, não apenas lavamos a louça para termos pratos limpos, como também lavamos a louça apenas para lavar louça, para viver plenamente cada momento enquanto a lavamos.


Thich Nhat Hanh, O Sol meu coração, da atenção à contemplação intuitiva, Editora Paulus, São Paulo, 1995

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